terça-feira, 25 de outubro de 2011

Reencontro...

Colocara o vestido com leveza de mãos infantis. Caminhou delicadamente sobre o chão frio, tateando o ar para não esbarrar nas esculturas espalhadas pela sala. Procurou o cigarro com mãos tremulas de desejo e o ascendeu escondida nos fundos da casa, para não deixar a fumaça retirar o cheio da paixão que ficara no quarto. Seu homem, assim o sentira, dormia profundamente, após um gozo de vida que beirava a morte, enquanto ela revivia cada cena daquela noite.
Até então, ela nunca conseguira deixar os espasmos entre suas pernas se prolongarem após a cama. Sempre morriam nos lençóis.
Surpreendida pelo seu corpo e desejo, a cada trago tinha a sensação que poderia morrer ali, feliz.
Risos silenciosos saíram pela sua face, invadindo todos os cómodos da casa e se misturando a uma leve vontade de chorar. O choro da [re]descoberta, do despertar, do [re]encontro.
[Re]encontro com a felicidade, que parecia ter sido exilada daquele peito, sem sinal de regresso. Felicidade ao ver sua cama acolhendo o homem desejado. Por saber que poderá dormir e acordar sem a impressão que ele desaparecerá no meio da madrugada, deixando apenas cheiros e desilusões. Felicidade por sentir
prazer e não arrependimento após a entrega.
Felicidade em acreditar que aquela noite poderá ser dias. Por está fora da cama e mesmo assim se ver ao lado dele. Felicidade por, mesmo tendo a certeza do futuro incerto, vivenciar o presente sem os medos do passado. Felicidade, ainda maior, por ela. Por ter voltado a sonhar acordada.

3 comentários:

  1. Se isso não for plenitude eu não sei o que pode ser.

    Adorei, Faby, adorei!

    Beijo grande em ti.

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  2. Que lindo o conto. Me estasiei lendo. Como queria sentir isso agora tb.

    Vou te seguir aqui pra nao te perder de vista. Me segue tb?! Beijao

    www.vidacomplicada.com

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